sábado, 22 de outubro de 2016

365º poema


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Sim, havia céu
E era um só
Circulava pelas coisas
E as coisas eram
Mais do que coisas:
Eram tudo
Em sagrada dessemelhança

Sim, havia o mar
Onde barcos se entreolhavam
E ondas se abraçavam
As possibilidades
De toda superfície líquida
Ecoavam entre as estrelas
Que banhavam
De luz
A sua última voz

E ele sonhou
Que estava vivo
Elevou-se no vento
Em um abraço
Nada mais procurava
Nada mais estava
Em si

O poder da eternidade
Diluiu suas células
Expandiu seus átomos
E seu nome,
Letra por letra,
Foi-se distraindo
No nome do Universo.

editora ano 1
Tem uma mesa na Biblioteca Parque Estadual (RJ) esperando por nós.

Vamos conversar sobre poesia e/ou editar seu livro
(21) 99682-8364 - joaodeabreu9@gmail.com


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Encantador de olhares


artmajeur.cp,











A ponta de uma faca
Ou foice
Ou qualquer coisa cortante

A ponta do céu
Ou suor
Ou qualquer coisa quente
E amaciante

A ponta de um lago
Sem ponta
Ou qualquer coisa
Que se sente

A ponta de um iceberg
Ou uma montanha
Ou qualquer coisa insinuante 
Que aponta

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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Esses caras falam demais...
(à Maysa Mt. e Clarice Lp.)


tumblr













Já nem sabem por onde andam
As palavras que, antes,
Eram suas expressões

Esses caras parecem matracas
Envelhecidas
Não no tempo
Mas no campo aberto
Entre minas subterrâneas
E amenas sementes
Subcutâneas

Falam tanto
Que esquecem
O próprio e devido canto
De quando nasceram
Ou já morreram
E nem sabem
Mas que insistem
Em sobreviver desafinando
Não como João Gilberto

Mas como um céu
Aberto
Em plena dor da Síria

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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A morte entre outras coisas...


bemestarevoce.com.br










Todos vão morrendo
Um a um

Não é uma guerra
Mas é uma espécie de terra
Que gera e consome
Seus próprios costumes

Lá se vão todos
E eu ainda penso que
Ainda estou por aqui

Entre pensar
E existir
Existe Fernando Pessoa

Entre sonhar
E morrer
Existe uma onda sinuosa
Que oscila
À medida que tudo vai doendo
Doando
Remoendo moinhos
Removendo estranhos sinos
Que badalam
Dentro do que chamamos
Música
Dentro do que clamamos
Mágica
Dentro do que reclamamos
Mímicas
De nossa própria voz


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terça-feira, 18 de outubro de 2016

Esperança


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As outras galáxias
Que esperem
Mais um pouco

As outras delícias
Do outro lado
Da esquina

As outras mulheres
Que nunca se cansam
De serem mulheres
Nas ruas nuas

Os outros universos
Paralelos a mim
Ou a qualquer outro

Os outros momentos
Que guardam
Em qualquer
Caixinha de surpresas

A gula
A goela
A água
A mágoa

Qualquer coisa
Que seja mais que
Sentimento perdido

As outras galáxias
Que esperem
Mais um pouco
Porém urge
Que eu ache um boteco
E um banheiro
E tudo
Desça pelos bueiros
Da imundície
De nossas cidades
Tão grandes
Quanto meus olhos
Espantados

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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O vento não tem direção
(Dedicated to Bob Dylan)











Sem referência
O vento habita o mundo
Sempre sem destino
Certo

Árvores conversam entre si
Descampados permanecem
Em silêncio

Caatingas ferem
Novas elegias verdes
A cantiga da superfície
Das águas
Ruminam restos de oxigênio

No fundo, no fundo
Até as noites
Sentem-se vazias
Se o vento
Não trouxer notícias
De outros vácuos

Apenas os homens
Cravam suas cruzes
Sobre seus mortos
Embora suas rezas
Sejam de madeira
E os mortos
Sejam de homens
Sem vento
Múmias da História


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domingo, 16 de outubro de 2016

Vidente


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O quanto de mim
Ainda está evidente
De suas próprias
Tensões

Com o coração
Na mão
Como única arma
(Alma)

Ainda está
E ainda estou
Sempre assim
Como uma pétala
De um tiro
Que não alcançou
Seu alvo
Ou não soube atirar
Pela cor branda
De seus olhos

O quanto de mim
Envelhece
Apenas com o tempo
Amargo

Mas agora mar
Eu amanheço
Sempre mais assim
Próximo do fim
Do recomeço

Apenas peço
Que meu passo a passo
Seja um tropeço
Para inflamar
Mais ainda
O quanto de mim
Precisa estar
Bem perto de mim

No ar
Antes de cair
No espaço
E inflar

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